Os presidentes de quatro principais montadoras de carros que atuam no Brasil encaminharam uma carta ao presidente Lula (PT) alertando sobre a possibilidade de demissão em massa, caso o governo federal adote um pacote de benefícios a favor da BYD, indústria chinesa de automóveis, instalada na cidade de Camaçari, Região Metropolitana de Salvador (RMS).
“É nosso dever alertar, Senhor Presidente, que esse ciclo virtuoso de fortalecimento da indústria nacional está sendo colocado em risco e sofrerá forte abato se for aprovado o incentivo à importação de veículos desmontados para serem acabados no país”, diz um trecho da carta.
O documento surge após uma reunião do Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex-Cemex), no último dia 30 de julho, para deliberar sobre pleito da montadora chinesa BYD. O colegiado é composto por integrantes de 11 ministérios.
As fabricantes solicitaram ao governo que considerasse uma redução nas tarifas de importação para veículos eletrificados desmontados nas modalidades SKD (semimontados) e CKD (completamente desmontados). Atualmente, as tarifas são de 18% para veículos elétricos e 20% para híbridos, mas poderiam cair para 5% e 10%, respectivamente.
“Ao contrário do que querem fazer crer, a importação de conjuntos de partes e peças não será uma etapa de transição para um novo modelo de industrialização, mas representará um padrão operacional que tenderá a se consolidar e prevalecer, reduzindo a abrangência do processo produtivo nacional e, consequentemente, o valor agregado e o nível de geração de empregos”, diz a carta enviada a Lula.
Na carta, as montadoras relembram que a cadeia produtiva do setor automotivo é responsável por 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil e por 20% do PIB da indústria da transformação, além de gerar 1,3 milhão de empregos e um faturamento anual de US$ 74,7 bilhões.
O documento ainda afirma que os investimentos previstos pela indústria automotiva devem resultar “em novas plantas, em mais empregos, e em uma nova geração de veículos cada vez mais sustentáveis”.