O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (4) que o ministro da Casa Civil, Rui Costa, é o "primeiro-ministro" do governo federal e que o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, "é o cara que rói o osso" por ter o "cargo mais difícil" da Esplanada dos Ministérios.
"Esse aqui é o chefe da Casa Civil, é como se fosse o primeiro-ministro, Rui Costa. Foi governador da Bahia por oito anos, foi chefe de gabinete da Casa Civil do Jaques Wagner [PT] e agora é o meu ministro da Casa Civil", declarou Lula durante inauguração de uma obra de abastecimento hídrica em Arcoverde (PE).
Em seguida, fez acenos ao ministro de Relações Institucionais, que por vezes é criticado pela articulação política com o Congresso, e chegou a brincar que a articulação política do governo envolve tomar cerveja e até café para se chegar a um consenso.
“O companheiro Padilha é o cara que rói o osso”, disse o petista arrancando gargalhadas do auxiliar. “Ele, certamente, tem a função mais difícil no governo, que é a função de articulação política”, completou.
“Imagina vocês que meu partido só tem 70 deputados de um total de 513. E para votar qualquer a gente precisa de 247 votos. Aí é preciso muita conversa, muita reunião, muito cafezinho, de vez em quando uma cachacinha, de vez em quando uma cervejinha. E aí é reunião 00h, uma hora da manhã, duas horas da manhã, de domingo, de sábado", declarou.
O afago do petista ocorre em meio a duas situações de desgaste na imagem dos dois ministros palacianos. Rui Costa foi citado em uma delação premiada firmada pela Polícia Federal (PF) que investiga fraude de compra de respiradores pulmonares, durante a pandemia de Covid-19, em 2020, quando ele era governador da Bahia. Costa nega as acusações.
Do outro lado do quarto andar do Palácio do Planalto, onde despacha Rui Costa, a crise recai sobre os ombros de Alexandre Padilha, após negociação fracassada com o Congresso Nacional para não deixar perder validade de trechos da Medida Provisória que aumentou a alíquota de contribuição previdenciária dos servidores das prefeituras de 8% para 20% na folha de salários.