Quinta, 25 de Abril de 2024
Internacional COVID-19

EUA poderiam ter evitado 40% das mortes por Covid se tivessem indicadores similares a outros países ricos, aponta relatório

Comissão da revista 'Lancet' critica resposta 'inepta e ineficiente' de Trump à pandemia, mas aponta que falhas sociais que existem há décadas também são responsáveis pela situação problemática do sistema de saúde americano, que 'uma vacina não vai resolver'.

11/02/2021 09h12
Por: Redação
EUA poderiam ter evitado 40% das mortes por Covid se tivessem indicadores similares a outros países ricos, aponta relatório

Cerca de 40% das mortes por coronavírus nos EUA poderiam ter sido evitadas se a taxa média de mortalidade do país fosse igual à de outras nações industrializadas, aponta o relatório de uma comissão de acompanhamento de políticas de saúde pública no governo Donald Trump da prestigiada revista científica britânica “The Lancet”.

 

Embora a comissão critique a resposta "inepta e insuficiente" do ex-presidente Trump à Covid-19, o relatório afirma que as raízes dos problemas de saúde do país são muito anteriores.

 

Quase 470 mil americanos morreram de coronavírus até agora e cerca de 27 milhões de pessoas foram infectadas. Os números são, de longe, os mais altos do mundo.

 

Trump é amplamente criticado por não levar a pandemia a sério rapidamente, espalhando teorias da conspiração, desencorajando o uso de máscaras e minando as iniciativas de cientistas e outros que buscavam combater a propagação do vírus.

 

“Os EUA se saíram muito mal nesta pandemia, mas o estrago não pode ser atribuído apenas a Trump. Também tem a ver com falhas sociais . Isso não vai ser resolvido com uma vacina”, disse ao jornal britânico “The Guardian” Mary Bassett, integrante da comissão e diretora do Centro FXB para Saúde e Direitos Humanos da Universidade Harvard.

 

A comissão disse que Trump “trouxe infortúnio para os EUA e o planeta” durante seus quatro anos no cargo, mas a crítica contundente não apenas culpou Trump, como vinculou suas ações às condições históricas que tornaram sua presidência possível.

 

A comissão condenou a resposta de Trump à Covid, mas enfatizou que o país entrou na pandemia com uma infraestrutura de saúde pública degradada. Entre 2002 e 2019, os gastos com saúde pública dos EUA caíram de 3,21% para 2,45% -- cerca de metade da parcela dos gastos no Canadá e no Reino Unido.

 

Copresidentes da comissão da “Lancet”, os médicos Steffie Woolhandler e David Himmelstein, professores da City University of New York, que são defensores de um sistema de saúde único, ainda que privado, como o proposto “Medicare for All”, apontam que o relatório reúne décadas de políticas sociais, econômicas e de saúde que aceleraram as disparidades do país.

 

A expectativa de vida dos americanos começou a ficar atrás de outras nações industrializadas há quatro décadas. Em 2018, dois anos antes da pandemia, 461 mil americanos teriam morrido a menos se nos EUA as taxas de mortalidade fossem semelhantes às de outras nações do G7, como Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Reino Unido. 

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