Uma nota conjunta assinada por 145 entidades pedindo a suspensão do calendário do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) foi enviada ao Ministério da Educação e ao Congresso Federal. O manifesto tem o apoio de servidores do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), órgão responsável pela realização do Enem, embasados pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
Na contramão da maioria dos países, o governo Jair Bolsonaro insiste em manter as datas do Enem mesmo com o número crescente de casos de contágio e o fechamento de escolas em todo o país. Entidades estudantis entraram na segunda-feira (11) com um mandado de segurança para o adiamento do exame.
“A sociedade brasileira, ora apresentada pelas entidades abaixo-assinadas, exige que o MEC suspenda o calendário previsto para o Enem e aguarde o desenrolar dos acontecimentos em torno das modificações impostas pela pandemia, quanto o retorno às atividades presenciais para redefinir sua realização”, diz a carta, que também é endereçada ao Ministério Público Federal e ao Congresso Nacional.
Eles destacam ainda que o CNE (Conselho Nacional de Educação) já recomendou explicitamente ao ministério e ao Inep que acompanhem a reorganização dos calendários dos sistemas de ensino antes de estabelecer o cronograma de avaliações de grande escala, como o Enem. “Dada a incerteza do momento, o mais indicado seria que tais exames não sejam aplicados em 2020”, diz a carta.
Ressalta ainda que a manutenção do Enem envolve o risco de agravamento das desigualdades educacionais. Todas as redes estaduais de ensino, que concentram 87,5% dos alunos de ensino médio do país, interromperam as aulas. Estudantes mais pobres enfrentam maior dificuldade para estudar de forma remota e terão menores chances no exame.
Mais cedo, é importante ressaltar, foi revelado que o MEC não possui um plano de contingência para realização do exame caso a pandemia se prolongue até novembro. Com informações da Folha de S.Paulo.