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Dia Mundial da Fibromialgia: como a doença pode afetar a saúde mental

Além de sofrer com as dores, cerca de 50% dos pacientes diagnosticados com fibromialgia apresentam sintomas de depressão.

12/05/2022 10h47
Por: Redação
Foto: reprodução
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No Brasil, estima-se que 4,8 milhões de pessoas têm fibromialgia, mas apenas 2,5% desse total recebem tratamento adequado, por isso, o 12 de maio foi instituído o Dia Mundial da Fibromialgia, quando há um esforço para conscientizar sobre a doença, que se caracteriza por dor muscular generalizada, crônica (dura mais que três meses), mas que não apresenta evidência de inflamação nos locais de dor. Ela é acompanhada de sintomas típicos, como sono não reparador e cansaço. Pode haver também distúrbios do humor como ansiedade e depressão.

Diante desse quadro, onde além do físico, a saúde mental também é afetada, a psicologia tem um papel fundamental no tratamento da fibromialgia. A psicóloga Áquila Thalita, que é coordenadora do curso de psicologia da Estácio Feira de Santana, destaca que o acompanhamento psicológico do paciente diagnosticado com fibromialgia é essencial para a manutenção da saúde mental, para que existam condições mínimas favoráveis para a garantia da qualidade de vida desse paciente.

Além de sofrer com as dores, cerca de 50% dos pacientes diagnosticados com fibromialgia apresentam sintomas de depressão. Para a psicóloga Áquila, isso se explica pelo fato da dor ser um fator de risco para o desenvolvimento da depressão. Além disso, ela explica que outras questões podem ser ocasionadas devido ao diagnóstico da fibromialgia, e cabe a escuta singular do paciente para entender o contexto psíquico e somático que a doença afeta sua vida.

“A dor deprime, limita, causa sentimentos muito ambivalentes e isso pode acarretar nessa condição mais favorável para o surgimento de um estado depressivo, até por que as pessoas se sentem muito limitadas e frustradas diante da própria condição diagnóstica e isso, sem dúvida, afeta a qualidade de vida do paciente. Precisamos lembrar que não tem como se falar de saúde, sem falar de saúde mental”, destacou. 

A psicóloga lembra que somos seres sociais e que a partir do momento que a fadiga constante afasta o paciente de atividades sociais e leva o mesmo ao isolamento, isso pode afetar, de um modo geral, a visão da saúde de forma generalizada. Ela destaca que estar em meios sociais é importante para que as pessoas possam conviver de forma saudável mentalmente e que o atendimento psicológico é um meio para encontrar caminhos para que esse paciente não se isole, afetando ainda mais a saúde mental.

“A introspecção, o embotamento afetivo, afeta psicologicamente o paciente diagnosticado com fibromialgia. É preciso o acompanhamento psicológico para ver quais são as estratégias e as possibilidades que esse sujeito pode aproveitar para dar essa condição de provocar a manutenção dessas atividades e relações sociais. A partir do momento que o isolamento afeta o sujeito diagnosticado com fibromialgia, por conta dessa condição inerente à própria doença, que é a fadiga e as dores constantes, a gente vai ver questões relacionadas a esse embotamento afetivo que, de certa forma, pode ser fator de proteção desenvolvido pelo próprio sujeito para tentar se proteger de algo que ele possa identificar como ameaça”, explicou a coordenadora. 

Mulheres são as mais afetadas

Dados da Sociedade Brasileira de Fibromialgia, informam que de cada 10 pacientes com fibromialgia, 7 a 9 são mulheres. A coordenadora do curso de psicologia da Estácio observa que muitas questões de saúde acometem mais as mulheres e destaca que é preciso fazer uma análise de recorte, tendo em vista toda a cultura que as mulheres vivem e a forma como são tratadas.

“A fibromialgia não pode ser analisada apenas pelo caráter biológico, mas pelo psicossomático. Talvez não seja à toa que a maioria dos casos registrados seja em mulheres, por conta de toda predisposição, de julgamento social, de dificuldade de acesso à direitos que as mulheres têm. Isso, historicamente, pode ter uma relação íntima”, avalia.

Por ser uma doença que aparentemente não existe algo a se apontar biologicamente de forma tão clara, mas que evidencia uma fragilidade psicológica muito mais intensa, a psicóloga Áquila Thalita destaca ainda a importância de entender e acolher as pessoas que enfrentam esse diagnóstico, sem julgamentos.

“É importante procurar saber mais sobre a doença, não apenas do ponto de vista biológico, mas do ponto de vista psicológico. Tentar entender como a fibromialgia afeta a relação com o outro, como afeta a qualidade de vida, e então acolher, sem julgar as condições sintomáticas dessa doença, que muitas vezes é vista erroneamente como bobagem”, destacou.

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