Sábado, 27 de Abril de 2024
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“A escola domiciliar não é apropriada neste momento”, alerta psicopedagoga sobre o homeschooling

Mais de 7 mil famílias no Brasil já praticam a educação domiciliar

11/05/2021 12h13
Por: Sérgio Di Salles
Foto : Reprodução
Foto : Reprodução

O ensino domiciliar, também conhecido como homeschooling, vem ganhando espaço em todo o mundo e não deve ser confundido com o remoto. No Brasil, há registro de que mais de 7 mil famílias já pratiquem o método para educarem os seus filhos. O programa Altos Papos conversou com Neide Nofss, Psicopedagoga, Doutora em educação pela USP e formada em Psicopedagogia na Universidade de Buenos Aires, que falou da importância do ensino tradicional em escolas e sobre as consequências que a “nova” modalidade pode causar aos alunos. 

“Este ensino se opõe ao feito pela instituição escola, seja pública, privada ou cooperativa. Nós temos algumas preocupações, pois na medida em que se fala que a casa do aluno é o lugar da interação, é o lugar de construir conhecimento, ele está se opondo ao princípio, primeiro do papel da escola, que é de socializar a pessoa, construir cientificamente, então, esta oposição traz muitas dificuldades de compreensão em relação ao que significa escola dentro de casa”, disse Neide. 

Ainda segundo a psicopedagoga, existe uma grande diferença entre o ensino remoto, que ganhou força e vem sendo praticado durante a pandemia e o homeschooling. “O ensino remoto tem alguns problemas, por ser remoto, precisa de computador, de internet e isso dificulta o acesso e às vezes cria desigualdade, mas é uma desigualdade onde isso pode ser de repente assumido assim que a gente conversar e é o papel da escola, que tenta, mesmo à distância, fazer o aluno interagir e aprender. O ensino domiciliar é dado pelo pai, pela mãe, por uma pessoa da casa, a gente sabe que a família hoje tem várias facetas, preocupações e compromissos, que não são apenas de substituir a escola. A escola é insubstituível, mesmo a escola que as vezes tem problemas com a realidade, ela não é substituível, pois a interação que ocorre lá, o preparo que o estudante tem para trabalhar e viver em sociedade, lidar com as diferenças da desigualdade. Nós não acreditamos que a escola domiciliar no Brasil tem vivido as diferentes desigualdades, os compromissos nossos com a democracia e a sociedade e não pode ser substituída, somos a favor dela e achamos que a homeschooling não está preparada no Brasil”, afirmou.

Para Neide Nofss, a formação de professores e de toda a equipe que lida com as crianças dentro da instituição, é fundamental e pode fazer uma grande diferença na formação educacional. “Nós da escola temos toda uma formação específica diferenciada, e a gente respeita o lado emocional do aluno e o lado cognitivo, nós desenvolvemos a inteligência dele, por meio de um conhecimento, de uma interação sadia, dentro de casa isso não poderia ser promovido, vários professores, a diversidade, aulas diferentes, então a escola domiciliar não é apropriada à nossa cultura neste momento. Vejo com muito cuidado e cautela, quem são estas famílias? Como elas organizam tudo isso? Como é o sistema de avaliação? Dentro da escola, vemos várias crianças que têm dificuldades ou que não aprendem de forma igual a todo mundo e temos gente preparada para isso, não sei se a família estaria pronta para ensinar o próprio filho, quando ele apresentar dificuldades, como ela lida? Acho uma pena as autoridades envolvidas não se preocuparem em valorizar a escola, melhorar o padrão, respeitar os professores, pois este desmonte que estamos vendo como o corte de verbas, é uma grande preocupação, deveriam ajudar a escola a superar obstáculos e respeitar a família como acolhedora, escola e família são parceiras e não competidoras na área do ensino”, concluiu. 

 

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